O projeto de homenagem ao grande mestre gaúcho do fotojornalismo, Flávio Damm, se beneficiou de uma circunstância inesperada: seu filho, o ator Cândido Damm, encontrou uma caixa com 25 ampliações selecionadas pelo próprio Flávio, entre sua produção mais recente. Tal circunstância tornou esse réquiem visual muito especial, já que a curadoria foi efetuada pelo próprio autor, espelhando temas recorrentes em sua produção, como o registro espontâneo e bem-humorado da vida urbana e de alguns espaços culturais específicos: museus, igrejas e bares.
Esses locais são espaços de exceção, cada qual sendo um templo à sua maneira. Igrejas são templos na acepção estrita do termo; e se os museus são considerados templos do saber; bares podem muito bem ser encarados como templos do prazer… São edificações nas quais é possível encontrar refúgio temporário do fluxo imperioso da existência, quase sempre a nos conduzir para onde não desejamos ir. São oásis que nos oferecem a possibilidade de recuperar o ânimo, retemperar as forças e purificar o espírito.
Assim como Cartier-Bresson, o poeta do instante decisivo, Flávio Damm também tinha especial predileção por fotografar casais namorando nas ruas da cidade. Isso porque ambos sabiam que o carinho emanado dos casais apaixonados beneficia toda a população graças às invisíveis ondas concêntricas que o amor difunde pelos ares, reconciliando-nos com a existência e infundindo esperança nos corações mais empedernidos. Da mesma forma que o fazem as belas e evocativas fotografias de Flávio Damm.